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    Na China, o reconhecimento facial não é mais coisa de ficção científica

    24 de novembro de 2017

    A China esta na vanguarda no uso da tecnologia do reconhecimento facial, presente tanto em restaurantes de fast food como em universidades, na luta contra o crime e, inclusive, no dispenser de papel higienico em banheiros publicos.

    Seus defensores alegam que esta tecnologia torna a vida mais facil e segura, mas seus detratores veem nela mais uma forma do governo monitorar de perto os 1,4 bilhao de chineses.

    Em Xangai e em outras grandes cidades, o reconhecimento facial e visto inclusive nas ruas, com o objetivo de deter os que infringem as normas de circulacao.

    Assim, os pedestres que atravessam a rua por lugares onde nao e permitido sao sistematicamente fotografados e sua foto aparece em um telao instalado no cruzamento mais proximo. Se nao querem ser vistos nesta “tela da vergonha”, tem que pagar uma multa de 20 yuanes (3 euros).

    A populacao chinesa, governada pelo Partido Comunista, e uma das mais vigiadas do mundo, em um pais com cerca de 176 milhoes de cameras de seguranca operacionais. As pessoas perguntadas sobre isso em uma rua de Xangai nao parecem especialmente incomodadas com a novidade.

    “Posso aceitar. (…) E uma forma de fazer com que a lei seja respeitada”, diz uma funcionaria de hospital de 42 anos, que se apresenta apenas com seu sobrenome, Wu.

    “Mas acho que algumas pessoas poderiam dizer que estao violando sua vida privada, e se preocupar com a forma como esta informacao poderia ser armazenada”, acrescenta.

    A policia utiliza esta tecnologia para encontrar suspeitos. Foi empregada recentemente na pequena cidade de Qingdao, produtora da cerveja Tsingtao, onde cameras situadas na entrada de um festival de cerveja permitiram deter 25 suspeitos.

    Todos os chineses com mais de 16 anos devem ter uma carteira de identidade com foto e endereco, o que significa que as autoridades dispoem de um enorme banco de dados.

    A China, consideram os especialistas, esta muito a frente do Ocidente nesta questao, principalmente porque suas leis sobre a vida privada sao muito menos estritas e porque seus cidadao estao acostumados a ser fotografados, a tirar suas impressoes digitais e a dar todo tipo de informacoes pessoais para as autoridades.

    Mas esta tecnologia se imiscui tambem em todo tipo de transacoes. Isso vai do sistema “sorria para pagar” empregado na rede de restaurantes KFC ate outros usos menos tradicionais.

    Nos banheiros do Templo do Ceu, em Pequim, os dispensers de papel higienico estao equipados para evitar roubos. Se alguem tenta utiliza-los varias vezes, a maquina o reconhece e para de lhe dar papel, lembrando educadamente que ele ja se serviu.

    Uma das universidades de Pequim instalou esta tecnologia na entrada dos dormitorios para se assegurar de que so seus alunos entrem neles, “o que nos permite verificar melhor onde os estudantes se encontram”, explicou um responsavel do centro a agencia Xinhua.

    Os bancos tambem comecaram a equipar seus caixas automaticos com esta tecnica, para substituir os cartoes de credito, e os profissionais do setor turistico tambem veem vantagens no reconhecimento facial: a China Southern Airlines comecou a eliminar os cartoes de embarque.

    Em Xangai, um sistema oficial permite detectar pessoas perdidas nas ruas, principalmente pessoas idosas ou com deficiencia cognitiva, e leva-las para suas familias.

    Este novo avanco se enquadra em uma estrategia mais ampla de desenvolvimento da alta tecnologia.

    O governo chines anunciou em julho que pretende tornar seu pais o numero um em inteligencia artificial ate 2030, com um mercado local de 150 bilhoes de dolares.

    Esta tendencia, segundo Yue Lin, professor de Direito na Universidade de Xangai, e impulsionada principalmente pelas companhias chinesas de tecnologia, como Alibaba ou Baidu.

    Mas ainda e cedo para avaliar as consequencias que esta tecnica pode ter na vida privada, considera Yue. “A autoridade da policia nao mudou, mas, indiscutivelmente, ganhou mais poder”, opina.

    “Isto nao acontece so na China, ocorre a mesma coisa no mundo todo. Mas, talvez, para os chineses seja algo bom e para os americanos, algo terrivel”.

    Fonte: https://www.google.com.br/amp/amp.dc.clicrbs.com.br/amp/9953010/na-china-o-reconhecimento-facial-nao-e-mais-coisa-de-ficcao-cientifica

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